terça-feira, 13 de maio de 2008

Reflexão escalada

Hoje, no busão, vindo pro trampo, fiquei de frente pruma ruivinha, sempre cato o mesmo coletivo que ela. Uns olhões, vez ou outra me encarava. Não sei se pensava: "estuprador" ou "estivador", o fato é que ficou lá, me olhando fixo, no branco dos meus olhos.

Não me incomodei, já tou acostumado ser olhado assim, um cara estranho. Aí esbarrei no pé da mina, sem querer e claro, pedi desculpas com um leve sorriso.

A mina me devolve um sorriso tímido e diz com uma voz muito adocicada: "magina, não foi nada."

Na hora pensei, um estalo quebrou meus neurônios: "não se conhece mesmo as pessoas."

Essa reflexão veio a mim desta forma porque desde que comecei no novo trampo, tenho uma sensação esquisita no estômago. Eu achava que era por eu ser cooperado, não CLT. A área da informática tem exigido muito isso, ou cooperado ou PJ. E não há segurança de trampo, não há vínculo empregatício, não há uma série de benefícios CLTistas. Há outros benefícios ( o salário é bem maior ), e tal.

Mas hoje, vindo pro trampo, de cara pra ruivinha, me toquei que não é essa a razão. Trampei 5 anos como free-la e, quem já foi free-la sabe que esse tipo de trampo é o mesmo que ser um cachorro sarnento nas ruas. Um dia tem. Noutro não. Então estou acostumado a esse estilo de trabalho.

Aí, raciocinando sobre os últimos acontecimentos, me liguei que é um puta alívio ter essa insegurança. É preciso ter disciplina e competência, e no dia que eu quiser vazar, mando todo mundo tomar no cu e dou o pira. Não dá nada.

Então cheguei à raiz do problema: tem um programador aqui, que acho não vai muito com a minha cara. Não sei o que fiz a ele, vai ver porque vez ou outra solto um palavrão ou porque ele é caga-pau mesmo, mas o fato é que ele é cupincha da diretoria. E, isso, ao invés de me deixar inseguro, me deixou aliviado. Porque se ele me queimar, eu sei que ele tem medo de mim. E se não me queimar, então ele será apenas mais um zé buceta com quem terei que lidar no dia a dia.

E toda essa reflexão veio dos olhos claros da ruivinha no ônibus.

De fato, devo tudo que aprendi nessa vida às mulheres, essas tesudas gostosas.